Ô, MEU MUNDO, ASSIM O QUERES? SOU TEU!
Escrevi o poema abaixo a partir de um texto ou melhor de um manifesto escrito por um dos integrantes da Comunidade ELA. Uma comunidade virtual criada para a comunicação entre pessoas com ELA (Esclerose Lateral Amiotrófica). Doença que provoca a imobilidade corporal, sendo que os órgãos dos sentidos e o sistema cognitivo, geralmente, não são afetados.
A minha forma de dizer ao mundo que gente é gente sempre independente da situação em que se encontra.
A minha forma de dizer ao mundo que não sabemos o que o futuro nos reserva, então, o presente precisa ser vivido em sua magnitude, e isto, significa compromisso de um ser humano com outro. Compromisso de cada pessoa consigo mesma e com a(s) outra(s) pessoa(s) do planeta. Compromisso social, afetivo, ético, político, criativo...
Sou teu, mundo!
Sou teu!
Sou teu com garra, luta e atitude
Expresso meus pensamentos
Não me calarei
Vejo o sofrimento de outros seres humanos iguais a mim
Próximos
Tão próximos que, às vezes, parecem membros da minha família
...quase dentro de casa
Com necessidades vitais
Que se tornam banais
Aos olhos de alguns
Dinheiro gasto com armamentos
Pesquisas...ah!
Pesquisas elevam a estatística ao papel de protagonista num palco que é teu, meu, mas não deles
Tão distante do que fala fundo meu coração
Indústrias farmacêuticas
Profissionais com medo de tocar, escutar, aproximar-se
mas... o silêncio impera na boca de muitos,
desesperança, falta de perspectivas, portas fechadas na cara!!
Na imobilidade podemos nos movimentar
Na mudez de nossa voz podemos gritar aos quatro cantos
A existência humana é sagrada
Não é para ser banalizada
Não podemos nos aquietar
A atitude deve estar em primeiro lugar
...esperar, esperar, esperar
nada falar.
Não!! Não guardarei meus sentimentos
Compartilharei com o outro
Num encontro de transformação
Ação e esperança
Esperança e ação
Eterna visão
De renovação
Descobertas
Janelas abertas
Claridade
Banho-me na luz da lua
E corro na areia da praia
Acredito no surgimento do novo Homem
que não pára no individual, mas
trilha os caminhos do individual ao coletivo
com amor e fé
num processo de superação da adversidade
com alegria, coragem e força.
25 de novembro de 2008
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