Natureza nossa pátria
As matas respiram,
os homens enxergam,
o oxigênio abastece os pulmões,
somos seres vivos.
Abro trilhas,
vejo matas,
espinhos ferem,
respiro bem.
Abro trilhas,
os galhos reclamam,
o choro vem,
como as lágrimas de um choro.
O corte é profundo,
a resina aflora,
o choro vem,
o homem ganha.
Grito alto, ninguém ouve.
Somos sós,
somos fracos,
o sim, o som é maior.
A fotossíntese é perfeita.
O homem é neutro,
o cheiro é do indivíduo.
Quem reclama obedece.
A água é fresca,
corre pedras abaixo,
molha os pés,
as folhas nascem.
O ar puro vem,
o respirar é puro,
os seres precisam,
somos iguais.
O vento nasce,
a brisa sopra.
O frescor puro é remédio,
somos seres.
O andar é jovem,
o maltrato não é sábio.
O mato chora
sua inocência.
A abelha colhe,
o beija-flor, beija a flor,
o mel é remédio,
o beijo é prazer, é amor.
Todos falam,
todas defendem,
eles mesmos autorizam,
o voto para o corte.
Somos fracos pelo verde,
o poder é o dono.
Parece até que é o dono,
sempre rebate, sempre autoriza.
O comercio é forte,
o dólar paga.
A miséria reclama,
reclama porque não sabe nada.
Ouço um grito,
o animal conhece,
o covarde sorria,
a natureza sofre calada.
O ato o satisfaz,
eleva o ego,
brinca e chacoteia,
tudo é nosso, ninguém manda.
Ouço o canto,
a perdiz cala,
corre e ninguém a proteja,
seu corpo tomba.
A fome agradece,
o patrão exige,
a tarefa é completada,
o suor agradece.
O corpo tomba,
o sono é pesado,
a tarefa o espera,
o patrão agradece.
Somos assim,
esperam o lucro,
o prestígio é certo,
o podre agradece.
A água seca,
o mato não há.
Anos passaram,
o ar já não é mais puro!
Até quando?