Fusão...
Às vezes, me pego pensando
Sobre a importância da poesia
Nos dias de hoje.
Então, saio de mim
E, flutuando por espaços desabitados,
Posso sentir nas veias
A magia de meus versos.
Quisera eu, um dia,
Olhar-me contra o espelho
E encontrar dentro do peito
Os versos perfeitos
Que traduzam minha existência!
Creio que nenhum poeta o fez,
Até então...
Entretanto, enquanto o homem
Não decifra a si mesmo,
Busca nas palavras
A exatidão de seu semelhante,
Mesmo que este não lhe seja
Tão semelhante assim...
Caminha, caminha
Sempre com a caneta nas mãos
E o bloco no bolso...
Procurando sua inspiração
Sua musa, seu delírio.
Às vezes, os encontra
Por fora, faz tipo
Sentado na beira da praia
Em tarde de primavera...
Ouve as ondas quebrarem
Rebentação profunda, dentro de si.
E, aos poucos, as palavras
Surgem como mágica.
Noutras vezes, rabisca, rabisca
E quase não consegue encontrar
As palavras exatas que
Simbolizem suas idéias;
E acaba recorrendo ao famoso
"Aurélio Buarque de Holanda"
Grande amigo de rosto desconhecido,
Profundamente conhecedor das
Morfologias da Língua...
Então, sentado em sua escrivaninha
(Pois o sol já se foi)
Começam a lhe surgir,
Pqueninos fragmentos
Até então de algo que seria
(Ou será, talvez)
A maior de suas obras,
A perfeição absoluta
Do sentimento chamado "Amor"...
Fecha os olhos, e
Enquanto a caneta desliza,
Sente na carne o arrepio
Da libido lhe tomar conta...
Estimulante total
Para suas idéias!
Última palavra e ponto!
O texto está pronto e perfeito!
A poesia corre nas veias
E o amor a estimula
Pois poetisar e amar
Encaixam-se como
Que inexplicavelmente...
Bailam suave ao sol
Do desejo
E fundem-se como jóia
E o brilho dos olhos da
Mulher amada...
Sempre...