Não acorde o meu sonhar

Angélica T. Almstadter

Não acorde meus olhos...

eles querem morar nesse sonho...

essa estrada tem orlas que não conheço...

mas tem céus que anunciam luzes de paz infinda...

não conheço os passos dessa estrada...

mas quero palmilhar cada palmo..

Não acorde meu sonhar...

ele tem vales a percorrer...

campinas verdes para roçar...

meu sonhar quer viajar no sussurro

dos ventos...

mergulhar no aroma dos dias que lhe adentram...

O tempo urge cá dentro desse meu sonhar...

sob meu olhar adormecido de séculos...

e se desperta ansioso não há de ser do sonhar e sim do sono que manteve calado meu querer...

Não desperte meu sonhar...

que na UTI desse meu amanhecer intranqüilo...

só precisa viver...

Enquanto as conversas borbulham

na sala de espera...

cá dentro dessa sala de emergência minha vida se faz ressuscitar...

sem aparelhos...

sem aparatos...

e mansamente se faz reviver em

melodias e canções...

O poetar perene que permeia o

meu viver inquieto explode em várias nuances...

acelera minha verve...

e por vezes não consegue eclodir...

se distrai nas paralelas das cores e se deixa transformar pelas paixões das formas...

meu poetar não mora só nas palavras...

ele escorre na emoção da criação...

meu poetar tem várias formas de se traduzir...

Dá-me o silêncio de presente...

e meu sonho migrará para muitas estações...

meu sonho tem poetar anexo...

tem amor manifesto...

e por onde passar tingirá com suas próprias aquarelas o contorno

da minha existência...

Não acorde os meus olhos...

eles precisam sonhar..

Angélica Teresa Faiz Almstadter
Enviado por Angélica Teresa Faiz Almstadter em 27/04/2005
Código do texto: T13221
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2005. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.