NOTÍCIA

Cada vez que a manhã vier deitar-se a minha janela

Das sombras sobrarem estrelas na memória

E o nascente em raio rasgar a noite antiga

A água como rio fátuo arranhar o chão

O arco-íris tender ao céu em simetria

Cada vez que a manhã vier deitar-se a minha janela

Riscando os passos dos meus pés sem que saiba

Ainda que errante e vário o vértice da vida

Conduzir a corrente entre pedras e cascatas

A rosa-dos-ventos sem rumo indefinida

Cada vez que a manhã vier deitar-se a minha janela

E romper o silêncio de vidas despedaçadas

Os rumores do medo que a muitos paralisa

Estampar-se em folhas que a luz do sol ofusca

O tempo em que a dor a própria dor ensina

Cada vez que a manhã vier deitar-se a minha janela

A mesma lição sob olhares inocentes

Verei em constância irrevogável repetida:

O mesmo mal que a todos nós abraça

Mostra o bem que a todos nós abriga

Franciane Cruz
Enviado por Franciane Cruz em 02/04/2006
Reeditado em 28/01/2007
Código do texto: T132684