SOB A MÉTRICA E A RIMA

A vida não é certinha

tudo encaixado, medido.

Ao contrário, é desalinho,

torvelinho emaranhado.

É poema em versos tortos,

em ritmo quebrado,

a sina.

O poeta assina e versa

a fantasia que imagina...

Do fado que não existe

cria imagens perfeitas

com palavras estreitas,

sob a métrica e a rima,

puro despiste.

Entre o que sente, o que pensa

e o que consegue dizer

há vazios frios,

profundez imensa,

que razão, emoção

ou imaginação,

não podem descrever.

O poeta, então, inventa

e (in)tenta ajustar

as coisas incertas...

Escreve, conta sílabas

sincopadas, soa.

Abre portas e janelas

e voa... para o nada.

Lina Meirelles

Rio, 09.12.08

(Para o FORUM, tópico "SEM MÉTRICA E SEM RIMA")