Agulhas

Ciente das agulhas e como vão queimar

Em grupos ou avulsas elas não vão penetrar

Sozinho sob a escama,sem fuga ou proteção

Elas que me atravessem e atinjam esse chão (só que eu não!)

Entre a cama e as marcas,num estéril jardim

Eu broto entre pedras e anti-floresço assim

Nem lebre nem serpente,mas plena exclusão

Marco minha presença promovendo esta implosão

E para me cavar sorrisos,

Enfaixe-me o rosto,abra-me pro espanto,trate-me melhor.

Semeie suas crenças pra bem longe daqui

Minha religião é o Cristo torto de Dalí

Não vejo meu futuro no credo em batalhar

Enquanto elas perfuram,eu só sei não ter lugar

Desejo as belezas com asco e distância

Esgarço como posso o que já se construiu

O que move esse mundo são alegrias vis

Novos sorrisos velhos desbotando o seu verniz

Não tente me consolar.

Entendi o mundo no dia em que batizei um cachorro.

Nem alvo nem a flecha,nem amante nem suicida

Mas tolo irracional apaixonado pela vida

Mesmo prostrado aqui,entre o nada e o ser,

Minha razão escolhe se prender ao que é meu

Não vejo a quê me integrar

Sou somente rochas rasgando este sue melhor esforço

Ciente destas marcas e como vão queimar

Em grupos ou em crenças elas não vão penetrar

Nem lebre nem beleza,mas plena exclusão

Marco minha distância com sonora distorção

Quanto às minhas portas vis,

Me puseram na agulha,mas eu votei pela culatra.

(Dedidada a Henry Chinaski)

Rodrigo Fróes
Enviado por Rodrigo Fróes em 02/04/2006
Reeditado em 02/04/2006
Código do texto: T132794