Normalidade

Tudo está em seu lugar

As crianças brincam

As estrelas piscam

Os automóveis correm

Os semáforos colorem

verde

amarelo

vermelho

Outras crianças mendigam

Outras estrelas morrem

As astronaves passeiam

A tv pisca imagens sem nexo

Só sexo

O cigarro queima

abandonado no cinzeiro

Os radicais se libertam

nas metástases

e nas rugas precoces

O universo pulsa outros universos

em seus átomos infinitos

Na mesma medida em que pulsa ele próprio

mero elétron de uma bomba macrocósmica

que irá explodir outra Hiroshima

Distante...

Distante...

Tudo está em seu lugar

Descabida mesmo

Só essa angústia

Constante

Insistente

Mais velha que o tempo

Mais urgente que eu

Entrançada em minhas entranhas

Indecantável:

Já não sei se eu sou ela

Ou se ela sou eu.

Jane de Paula Carvalho Santos
Enviado por Jane de Paula Carvalho Santos em 03/04/2006
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