Vazio

Veja homem, eu não explodo!

Nem canto ou falo, pois que sou sussurro,

Sou como o alento do silêncio que não vem.

Toda multidão.

Sabe, em mim, cabe tanta gente.

Mas, tão pouca me ocupa,

quase um nada.

Veja homem, eu sou vazia

de tão cheia de mim, de ti, d’eles.

Não me sou completa, mas me sou.

Que a multidão parta, parta já

no próximo verso que conjugo,

como o verbo de quem não é, mas está.

Veja homem, morri pra tanta gente

que se me explodo agora

não me restará nada, nem tu.