Tempo Pardo !

Tempo Pardo !

A minha caneta parou,

Ficou um risco impreciso e uma palavra que não sai,

Falta rumo à escrita, no guardanapo da boa hora,

E o vazio é tal, que me desfalece,

Na fria geada que vai lá fora,

A caligrafia, essa, é um sujo, nada bonita,

A tinta congelou, no frio de uma manhã maldita!

Não mora hoje aqui o talento,

Nem a ousadia de outro tempo,

A escrita apressada que varre no papel a fúria,

Hoje não voltou;

E a alma adormecida, também hoje não chorou!

Percorro num ápice a vida,

E nada resta, de relevo,

E nem com vontade escrevo,

Não restaram glórias da batalha,

Nem as derrotas de onde me ergui,

Minhas letras ficaram tortas, amargas,

Do vendaval que chegou com a tempestade,

E a caneta devagar, marca o desconsolo que me invade.

Não guardei memória de como começou,

Já olhei o futuro, e não sei onde estou,

Não descrevi o meu nome, nem anotei os dias de sol,

Hoje , nem o dia voltou,

Escondeu-se para que o lápis não desenhe o seu contorno,

E neste limbo, descolorido e morno,

O parar das letras nada mudou!

Resiste a mente ao inimigo imaginário,

E a bandeira, continua a assinalar a trincheira,

Onde se escondo do mundo,

E se consome, em pujante fogueira!

Nenúfar 15/12/2008