Anapoética

De coisas que se desfazem

nos ventos e na tempestuosa

lágrima que cai de um coração

tão vadio e fatídico,

saio e brilho como um raio;

como sou.

Sou este que não engana,

mas se engana na tentativa

e no ardor de querer

ser e parecer o que nunca

pude por ser fraco, rasteiro

e sequencial;

no ritmo dos pulmões.

Sempre no fluxo,

vou no compasso, na prosa -

assassinando versos e

berçando o pesadelo de

não tocar o espaço de novo.

Em síntese, novamente.

O cosmos das palavras

busco e arranho,

como o bebê presidiário

da redoma de vidro;

sufocado pelo gás e holocausto.

Mentirosa,

tu és sempre!

Anacoluto (a),

Anacoluta,

luta,

Ana,

quem és,

tão insana?

Que meu cerebelo devora?

Mentirosa, falsa, dissimulada!

És tu,

poesia mortaviva,

maldita poesia!

Que te quero.

Que te escrevo.

Que te canto

e que te acordo

em acordes

de vaziez da sintatiquisse

semântica das palavras

que invento e não sei

o que querem dizer.

*À minha avó ainda viva.

Raul Furiatti Moreira
Enviado por Raul Furiatti Moreira em 16/12/2008
Reeditado em 18/12/2008
Código do texto: T1338339
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