Realidade Diegética

De minha dor,

meu amor.

Que tu fazes,

quando em mim

não crê.

Desta dor me envergonho,

quando ao mendigo assisto;

em seu devorar tão divino

e pouco honrado na lata de lixo.

Desta dor me orgulho,

retomando meus passos -

aqueles velhos passos -,

enquanto a lágrima me cai.

Sou o olho que te

apega.

Sou o riso que te

sufoca.

Te tenho em medo

e em tuas mãos

me deito,

para morrer mais uma noite.

Não diga não,

eu te imploro!

Pareço pouco, só

e mortífero,

mas ignores a máscara

que esconde a cândida alma.

Não sei onde me encontro,

nem sei se te encontro.

Não te perco,

sei que és minha.

Pois só eu vi

o que realmente és

atrás da fortaleza de açúcar.

Derrubo-te, meu bem,

com o soco na verdade.

Catequizo-te com o rebuscar bruto

e vadio das palavras que profiro

e dos sons que produzo

quando te amo por inteiro.

Derruba-me, menina,

quando esqueces que te amo.

Quando tua sina ferina

afasta-te de minha doce e sincera

sensação de sentir-te em mim,

enquanto estou em você.

Fique, escute,

eu lhe rogo e louvo!

De que foges,

ou de que te escondes?

Se amor não te sentiram,

ou sentistes,

tanto faz hoje

ou no passado.

Seja no meu ou no teu,

neste instante, nada além

de futuro e sonho existe,

dentro da realidade que criamos

na diegese de nossas vidas.

Raul Furiatti Moreira
Enviado por Raul Furiatti Moreira em 16/12/2008
Código do texto: T1338365
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