Uma Dose de Delírio

Olhei para o maldito sol e desmaiei.

Em um vilarejo qualquer, acordei.

As pessoas estavam imobilizadas.

E muitas cabanas abandonadas.

Tentei reagir, permanecer em pé.

Levantei tonto sem equilíbrio algum.

Dirigi-me sedento até um simples chalé

E logo pedi uma dose de rum.

Um velho homem estava parado

Assustado, acabado, embriagado.

Em frente ao balcão ele caía

Perguntando de onde eu vim.

Não respondi o que ele queria

E logo pedi uma dose de gim.

Mulheres me abordavam furiosas

Aleijadas, diabéticas, leprosas.

Diziam-me a formosa seguinte frase

"Jovem! Estás seguindo o mal caminho!"

Eu não escuto gente que me atrase

E logo pedi uma dose de vinho.

Já tinha perdido toda a paciência.

Com aquela gente doente e oprimida

Querendo me impor a pior penitência.

"Obrigado, mas já estou de saída"

Que ninguém mais da lista me risque

Pois já pedi uma dose de whisky.

O mesmo velho acabado gritou:

"És um dos três que me apareceu aqui!"

Realmente tentei, mas não entendi.

"Minto, tu já és o maldito quinto!"

Não importa! Desce um vinho tinto!

Perdão, mas o que quero é absinto!

Da porta do chalé entrou os quatro

Armados, cansados, sangrados.

Não conseguia acreditar naquele fato

Atiraram em todos os velhos acabados.

"Matar esses malditos não tem mais graça

Desce uma dose de cachaça!"

Os quatro me olharam e ameaçaram:

"Estás de gozação? Ou é a tua profissão?"

Espero agora que eu não apanhe

Pois eles me amassariam como pão

Pode ser que algumas fraturas eu ganhe

Mas primeiro, desce uma dose de champagne!

Matheus Mendes
Enviado por Matheus Mendes em 17/12/2008
Reeditado em 14/10/2009
Código do texto: T1339591
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