Eu Nela Vivo
era homem
de três
desejos:
igual a uma
gaivota
sem prumo.
o primeiro,
cheio de
simplicidade,
virou rotina;
o segundo,
de sagrado,
virou obrigação;
o terceiro
de vago,
virou realidade.
e, assim,
o povo
me chamava de
zé rotina,
por não ter
o que queria,
e ter
de sobra
o que nunca me
faltou.
virei papel velho,
de embrulho,
e passei de
mão em mão,
até casar
com quem
nunca quis.
assim,
a rotina me afagou
de tristeza,
e a mulher me abafou
de me deixar,
sempre que tinha
lá certeza de
estar com ela,
juntinho.
uma história
de amargar!
e vivo
eu nela!
sofro porque tenho!
sofro porque me falta !
e, ainda,
me batem,
com fresca lenha !