Sobre o amor

Todo amor é cíclico, de fases, como a lua.

Todo amor morre, todo amor mata

Todo amor tem cios, como a natureza,

Como as fêmeas, como a terra.

Todo amor começa e encerra.

Todo amor tem alma, tem pele, tem cor,

Todo amor inala e exala, amor.

Precisa de cuidados, de versos, de estrelas,

De contos, de surpresas, de sereias.

De sanidade, de sair às ruas, de se atrever,

De ser Cervantes, Neruda, Picasso.

Todo amor antes é pedaço.

Todo amor conspira, delira, vagueia.

Todo amor comunga, tem fé, Santa Ceia,

Tem brilho profundo, sem fundo, maré cheia.

Todo amor é improviso, é sem aviso, é fato.

Todo amor é inexato, é todo, é tato.

É convulsão, confusão, extrapola a medida,

Todo amor é chegada e partida

Todo amor é intuição, carinho, doação,

É caminho, é espinho, é infusão

É mais que um, é comum.

E ao mesmo tempo é solidão.

Todo amor é sagrado, é bendito, é bem-feito,

Todo amor é pródigo, é filho, é pai, é perfeito

É congruente, inerente, é transparente, é a razão,

De sermos, de vivermos, é de Deus, é coração.

Tonho França

Tonho França
Enviado por Tonho França em 05/04/2006
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