COMPONDO

Na alvura do teu corpo
componho as rimas mais belas.
Entre versos e floreios
juntamos os nossos anseios
lutando em eterno duelo:
novo, antigo, repetido,
que leva ao limite dos sonhos
e desperta o adormecido.

Tua boca se assemelha
àquela rosa vermelha,
que à luz do sol, matutina,
abre as pétalas feiticeira
ofertando, rubra e linda,
sua corola amorosa.

Não existe nada igual
à tua carne macia
que, junto de mim, se arrepia
se a toco deslumbrado.

Parece-me sonhar acordado
quando te sinto, ao meu lado,
tremendo, inquieta e lasciva,
nessa busca obsessiva,
que nos une, nos separa
- noite escura, claro dia,
maré mansa, onda bravia.

E enquanto, esfaimado, te amo
vou compondo poesias.