Êxtase

O brilho do sol mal penetrava nas nuvens,

Que teimavam em transformar o cinzento dia

Em uma paisagem de filme de terror.

Meus pés passeavam por entre decadentes folhas,

Que cobriam o árido chão, onde se deixavam ficar.

Flores incolores, com seu perfume fétido, repugnavam o ar.

Atmosfera irrespirável, contaminado pelo mau cheiro da vegetação,

Que circundavam as turvas águas do rio.

E eu ali, no meio disso tudo, sem rumo, sem direção.

Perplexo, sem nexo, descrente, infeliz.

No meio desse caos, você apareceu.

Menina levada, trouxe o sorriso malicioso,

O gingado contagiante, olhar penetrante.

Me arrebatou como a pluma no furacão,

Como a espuma das ondas do oceano.

Como a presa nas garras da águia.

Tão rápida veio,

Tão rápida se foi.

E eu continuei no mesmo caminho, no mesmo rumo,

Reenergizado pelo magnífico brilho do sol, espelhado nas águas do rio,

Pisando entre pétalas multicor,

Nas sublimes veredas do caminho

Onde o perfume inebriante das flores,

Me davam a certeza

De que viver vale a pena.

E eu ali, no meio disso tudo, sem rumo, sem direção.

Perplexo, sem nexo... agora crente e feliz.

Délcio Mores
Enviado por Délcio Mores em 06/04/2006
Reeditado em 10/04/2006
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