Rosa Chá

Se a boca já não sabe o que exaltar,

Se os olhos já não bastam para acalmar,

Mesmo sem ser flor, é certo que matas de inveja...

Todas as mulheres desse lugar.

Não é a tua beleza cálida;

Não é o teu charme agreste;

Tão pouco os teus cabelos de noites de sereno do leste.

Esse teu sorriso maroto...

Essa luz que se perde persuadindo a alma,

Essa voz que propaga encantando e invade.

Fazendo o ousado refém sem idade.

Fazendo o sensato insano;

E quem nunca amou, um esperançoso ser profano.

Dizer de você é velar a escassez da raridade.

É negar a maldade...

É como amar a primeira vez,

Sem ser vulgar.

Se essa noite,

Não fosse longa.

Se eu ainda tivesse tempo pra caminhar e

O meu passado não fosse um lago...

Quem sabe até eu, entre a juventude que te corteja,

Não fosse senhor dos teus sonhos.

No entanto, me reservo ao canto do silêncio anônimo,

Com papel e caneta, para vislumbrar sem ferir, sem morrer ou matar

Essa menina, essa mulher...Essa obra inescrita.

Meu Deus!...

Essa moça, em vida, atiça o pecado dos homens!

É a formosura mais ativa dos desejos,

Cujo lume, pausa por ordem os sentidos do mundo.

Por hora, quando vejo, nos corredores assumem,

Senhores, Abutres vivos e cheios de cores...

Fieis amadores a enlambuzar-se com os dedos;

Cheios de medos, querendo, querendo delatar em verbos seus lampejos de paixão e horrores.

Mas não há quem diga uma só cantiga, por certo essa morena, não é da terra, assim é essa açucena.

Alberto Amoêdo
Enviado por Alberto Amoêdo em 22/12/2008
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