Rosa Chá
Se a boca já não sabe o que exaltar,
Se os olhos já não bastam para acalmar,
Mesmo sem ser flor, é certo que matas de inveja...
Todas as mulheres desse lugar.
Não é a tua beleza cálida;
Não é o teu charme agreste;
Tão pouco os teus cabelos de noites de sereno do leste.
Esse teu sorriso maroto...
Essa luz que se perde persuadindo a alma,
Essa voz que propaga encantando e invade.
Fazendo o ousado refém sem idade.
Fazendo o sensato insano;
E quem nunca amou, um esperançoso ser profano.
Dizer de você é velar a escassez da raridade.
É negar a maldade...
É como amar a primeira vez,
Sem ser vulgar.
Se essa noite,
Não fosse longa.
Se eu ainda tivesse tempo pra caminhar e
O meu passado não fosse um lago...
Quem sabe até eu, entre a juventude que te corteja,
Não fosse senhor dos teus sonhos.
No entanto, me reservo ao canto do silêncio anônimo,
Com papel e caneta, para vislumbrar sem ferir, sem morrer ou matar
Essa menina, essa mulher...Essa obra inescrita.
Meu Deus!...
Essa moça, em vida, atiça o pecado dos homens!
É a formosura mais ativa dos desejos,
Cujo lume, pausa por ordem os sentidos do mundo.
Por hora, quando vejo, nos corredores assumem,
Senhores, Abutres vivos e cheios de cores...
Fieis amadores a enlambuzar-se com os dedos;
Cheios de medos, querendo, querendo delatar em verbos seus lampejos de paixão e horrores.
Mas não há quem diga uma só cantiga, por certo essa morena, não é da terra, assim é essa açucena.