Fui eu, sem você

Quando partiu, me condenou a vida,

a uma morte indigna, que com um

golpe, me abriu uma ferida,

ferida esta, que sangrou sem medida,

e me provocou constante agonia,

levando embora a minha vontade e a

minha alegria, me entregando a um

estado de catatonia, onde os dias

foram alimentados pelas lágrimas

de tua ida.

Neste triste adeus, fui eu, sem você,

uma dolorosa despedida, nesta vida

pela morte infringida, por esta

dupla partida. Fui eu, sem você,

sem ao menos contemplar um amanhecer,

sem poder caminhar juntos ao mar,fomos

separados pelas leis, que ainda não

podemos compreender, sem podermos

satisfazer juntos, nossos desejos de

viver, de pertencer um ao outro, como

a parte de um todo; único, feliz e

perfeito, Ser.

Fui eu, sem você, nos perdemos sem

querer, antes mesmo de nos conhecermos,

antes de navegar nos segredos de nosso

poder, antes de se perder ainda mais

no teu olhar, de poder viajar, sem ao

menos pensar; de inundar a razão, com

um tsunami de emoções, de mergulhar

nesta sensação e sentir bater mais

forte este já combalido coração.

Hoje vivo enclausurado em minha

fortaleza, sem reconhecer nenhuma

beleza; como um senhor de meu mundo,

estático e imundo; um escravo de minha

solidão, um estranho ao meu coração;

um vadio que não respeita a si mesmo,

que se vê sobre lampejos, de um amor

que se foi, e não se foi, que feriu e não partiu,

que sangrou e ninguém o curou.