No escurecer.

É nos disformes de um estreito rio, que se alonga

que vejo a verdade corrente, da correnteza.

Afronta, fronteiras e também gigantes frontes

e se alonga por não percorrer, a finura do seu ser.

Nas águas embebidas por pássaros saudáveis,

conto, conto, e desconto o lampejo dos incontáveis,

que por mais que se passem mudos, jamais serão invisíveis.

São pegadas, fugidas de um ser, que sempre quis ser.

Se o absurdo é vigiado pelo incabível sono da verdade

que acordes por agora, e por então! Até ontem nunca

vi certeza alguma! Tão pouco rio que se alonga no ser.

Pois a verdade que vejo, e talvez sempre verei, é no escurecer.

Ferdinando Rodrigues
Enviado por Ferdinando Rodrigues em 31/12/2008
Reeditado em 31/12/2008
Código do texto: T1361813
Copyright © 2008. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.