Praia
I - Oceano
liberdade total da liberdade. o por trás do pensamento e no canto da imaginação. infinitos infinitos lá dentro do infinito, com risadinhas de brincadeira. as coisas que estupidamente nós chamamos de nada são na verdade as chamas que aquecem o tal do tudo, do universo, e que nos sustentam e protegem. são nada, zero ou infinito as indeterminações matemáticas as coisas que nossa pobre razão não consegue acompanhar; que a razão recusa a admitir que ela leva à não-razão, para compreender a si mesma. e que na verdade todas as coisas são feitas por inúmeros pedaços de vazio crocantes.
Da condensação do tempo, também é possível imaginar sem esforço que as lembranças e memórias, ainda brilhos e impulsos elétricos, fazem parte de nós, assim como o breve futuro que o corpo prevê e acontece, ah, as faculdades mentais. na verdade mesmo, todos os tempos são um troço amarrado e embolado flutuando numa casca só. todas essas bobagens sabem os cachorrinhos e os pombos e o musgo que cresce na pedra daquele jardim, todos esses milenares sábios do nosso universo-não-universo. e por isso sorriem, em óbvio e claro banho de luz. se deitam-deleitam no brilho da seiva ancestral
II - Céu
o tempo é como as nuvens
voa, suspenso em silêncio
sobre qualquer movimento se desfaz
água-algodão
à toa por aí.
III - Areia
o Sol se espalha por aí
os seus boatos pela areia
dizendo, olha só!
que a Lua de noite, no mar
fica fingindo de sereia.