Castelo de Versos

Há em minha vida

um rumo, um norte,

de sorte que meus sonhos

são planos já traçados.

E nos traços que os descrevo

escrevo meus versos

como um arquiteto inquieto

que ergue suas estruturas

construo meu castelo de figuras

e sigo em frente.

Displicente que sou

dispenso o mestre de obras

e com as sobras da argamassa

torno parede sólida a fumaça

dos sonhos do dia a dia.

E assim faço minha poesia,

dos meus planos que são sonhos

e não me oponho aos fatos,

apenas remodelo-os

como criança caprichosa

como o espinho prematuro

que antecipa a rosa.

Campinas, março 1993