Devíamos ter duas vidas...

Todos deviam neste mundo,

dispor de duas vidas.

Uma para ser guardada e regrada,

seria uma reserva de luxo, uma lambuja.

E a outra para ser vivida desregradamente,

da forma que pai e mãe reprovariam,

mas, que nos dá imenso prazer.

Da forma que a mulher reprovaria

mas, que não menos prazer nos dá.

Uma, para maltratar o fígado com

um bom vinho ou uma cachaça da piores.

Esta seria pra se ter uma ressaca a cada dia

e uma cirrose no final.

Todos deviam neste mundo,

dispor de duas vidas.

Uma para arriscar a furtar a namorada do amigo,

a mulher do menos amigo, a enrolada do conhecido.

Se não for possível sair ileso, levar tapas e esfoliações.

Uma para poder curtir cada momento bom,

Mas, que devido às “responsabilidades” não nos permite

com uma vida somente. Tem as regras a serem seguidas...

Uma para amanhecer nas ruas e chegar em casa exalando

perfume barato e sem classe, mas, com a classe de um ser feliz.

Uma, para brincar de viver e levar a vida brincando.

Outra, para empregos e deveres, coisas chatas e sem graça nenhuma.

Todos deviam neste mundo,

dispor de duas vidas.

Eu viveria a segunda com muito mais intensidade.

Eu iria reinventar a canalhice, a malandragem sadia...

Também, Deus, que das coisas sempre soube,

Soubera antes dos exageros que seriam cometidos, e, sabiamente,

nos deu esta única e divina vida, para dela bem cuidarmos.

IVAN CORRÊA
Enviado por IVAN CORRÊA em 07/01/2009
Código do texto: T1372643
Classificação de conteúdo: seguro