Quando me perco, mateando

Tenho estrelas de esporas

Penduradas no meu céu

Tenho sóis e tenho luas

Que se banham no açude

Tenho horizontes perdidos

Muito além do meu olhar...

E tenho asas de prata

Que revoam estes campos...

Tenho estradas sinuosas

Que levam e que trazem sonhos

E caminhos silenciosos

Sob as pedras que conheço...

Tenho tudo o que mereço

Muito mais do que preciso...

A sinfonia dos grilos

E as luzes dos pirilampos.

Tenho brisas e quimeras

Que embalam minhas noites longas

Tenho ecos de milongas

No bojo da minha guitarra.

E o canto das cigarras

Numa tarde de janeiro...

Tenho o mundo por inteiro

Sem porteiras, nem amarras.