Ora Direi (Dueto)

Suave brisa descobre-te o cetim

Na madrugada desabrocham estrelas

O amor flutua entre elas

Teu corpo ancora em mim.

Ora direi possuí estrela!

* “Muita vez desperto

E abro as janelas, pálido de espanto...

E conversamos toda a noite, enquanto

A via láctea, como um pálio aberto,

Cintila. E, ao vir do sol, saudoso e em pranto,

Inda as procuro pelo céu deserto.

E eu vos direi: Amai para entendê-las!

Pois só quem ama pode ter ouvido

Capaz de ouvir e de possuir estrelas."* (Bilac)

(Poetisa Esperança)

Doce Poeta, que tão belo escreves,

Só tu, entre muitos, poderá possuir

Estrela única, pois só tu a percebes

Com beleza e sonho, no teu pressentir...

Se a brisa afasta o pano de cetim

e entrevês, em sonhos, tua estrela

E ela te acolhe, num amor sem fim

é porque só tu podes assim tê-la!...

Só quem procura, do Amor a Essência,

E, não contente, sente sua ausência

E vai em busca de um Amor assim

É que poderá, em suas madrugadas,

Possuir estrelas... de brilho emolduradas

E que se farão tuas para sempre alfim.

Nota: Crio meus tímidos rabiscos, fazendo-me completar por versos extraídos da exuberante poesia - Ouvir Estrelas – 1888, do grande poeta parnasiano Olavo Bilac, um dos ícones da literatura brasileira. No último verso, grafamos possuir em vez de entender, para nossa adaptação.

A amiga poeta Esperança, com a sua costumeira astúcia, sintoniza-se, com precisão, com os sentimentos que nos movem, oferecendo-nos a beleza do seu versar. Obrigado, amiga poeta.

Di Amaral
Enviado por Di Amaral em 10/01/2009
Reeditado em 14/02/2009
Código do texto: T1377106
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