Poema de uma noite de verão

Fatima Dannemann

Lua...

Brisa quente...

Mar tranquilo

Salta uma cerveja gelada com urgencia

e eu penso na vida

olho para o horizonte e penso:

o que será que existe alem do arco-iris

(e isso já deu música

como o titulo desse poema é

propositadamente inspirado

numa peça antiga).

Lua cheia...

ah, lua cheia...

bom de apenas sentar no gramado

olhar pro céu e contemplar as estrelas.

mas eu quero mais que isso

e ando por ai de carro

o que já é suficientemente perigoso,

e eu não corro o risco de tropeçar

nas calçadas esburacadas

que a prefeitura nunca manda consertar...

(e isso não é nada poético

mas faz de conta que a vida

cometeu operação ilegal,

será fechada

e precisa ser reiniciada logo a seguir)

E eu lembro

que o garçom me (des)atendeu

não trouxe minha cerveja

e aliás eu prefiro uma vodka

- me traz uma roska de qualquer fruta

estamos conversados

e ninguem fala mais nisso...

Lua cheia, lua nova,

nem sei qual a fase da lua.

Noite de esbá, noite de cantar para a deusa

noite de dançar em ritual secreto

e eu ouço Nusrat cantando um cântico sufi

lembro das vitimas das intempéries na Asia

lembro das vitimas de todas as intemperies

e rezo pelas vítimas da eterna seca

que só vêem a cor de uma água:

o marrom da terra sem plantas

e sem comida...

(mas isso já deu filme

e não se fala mais nisso)

Lua,

eu ouço Nusrat

e penso no dia...

Surya, o sol que me traz seus raios todas as manhãs...

Abençoe minha noite

abençoe todas as noites

sagradas e profanas.

(e este é apenas um poema

escrito numa noite de verão)

Maria de Fatima Dannemann
Enviado por Maria de Fatima Dannemann em 10/01/2009
Código do texto: T1378371