O Pedreiro

Penso no olhar velho do meu pai

e desenho uma rua.

Removo a pedra, o pó e o rio.

Deito a chuva na sombra

com as pequenas ervas.

Ao meio-dia

espremo da testa o sol

Dou à pedra a força,

à flor o meu grito

e ao semblante o horizonte.

O apito e o arroto

leva o farrapo branco à boca.

A pensar no olhar velho do meu pai

Cuspo as mãos, esfrego a ferramenta

e bato o metal na terra.

Numa berma assobia a morte

Na outra canta a vida.

A pensar no olhar velho do meu pai

Desenho o seu destino.

Ana Mª Costa

Ana Maria Costa
Enviado por Ana Maria Costa em 13/04/2006
Código do texto: T138435