Cerol (o anel que tu me deste)

O anel que tu me deste

Era vidro e não quebrou

O que contraria a estatística

De que todo amor de vidro

É transparente e dura pouco

Mas se um dia se quebrar

Será apenas mais um anel

Entre muitos que quebraram

Trincaram, racharam turvaram

Esfarelaram e viraram cerol

Que o nosso amor vire o cerol

Que rasga o céu de tom cinzento

As linhas dos aviões comerciais

Os fios dos postes, as estradas

A linha do horizonte desértico

As cordas dos violões, ainda que sejam de aço

Causando assim o estardalhaço

Que os violões de parede não causam

Das paixões que viram moda e dia-a-dia

Mas que não corte os dedos das crianças empinando pipas

Gabriel Caetano
Enviado por Gabriel Caetano em 14/01/2009
Reeditado em 16/01/2009
Código do texto: T1384420
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