Poesia incendiária

Dia cinza,

ergo a mão.

O cigarro póstumo,

entre brumas

e os raios do sol

que dilaceram minha face

ressaqueada e febril.

Há raios

que brilham

e pintam no espaço

luzes do medo

e do caos;

sonoros e

cortantes no

visor de meu peito.

Rasgo o arbitrário,

palavras erradas,

mas que são ditas.

Não se perde

de mim uma gota,

enquanto milhares delas

são choradas

deste céu de cores foscas.

Há fogo logo ali!

Um raio

em instalações.

Queima, incendeia.

(A ventania nascida)

Me roube,

vento.

Roube-me as

palavras

e seque minha voz.

Dia cinza.

Cinza?

Cinzas...

que do cigarro caem.

Chuva densa,

destilada.

“Destilado” vou,

para sempre,

em meus dias de tempestade.

Raul Furiatti Moreira
Enviado por Raul Furiatti Moreira em 14/01/2009
Reeditado em 14/01/2009
Código do texto: T1384702
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