Casarão (Vulto dos tempos)

No porão do casarão,

as vozes evocam um luto,

como um coro ecoante.

E no riso inexplicável dos condenados

as mãos vazias saudando o martírio,

e na mente escancarada, exposta,

uma solene utopia vulnerável.

Varias frinchas em cada canto,

que passam várias almas,

e cicatrizam os passos inusitados.

No resguardo da lembrança,

A reminiscência dos velhos atos,

que se seduz no mistério de cada quarto.

O casarão no caminho solitário,

como um forte apache de valentes guerreiros.

Há poesia na sala que reunia-se os cultos,

e oculto sobre os vitrais,

as escamas de certos versos transparentes.

Há um trecho da infâmia entre linhas,

na flecha cravada no sábio cego

que sangrou pelo corredor.

Onde nem o crespúsculo do coração mais eminente

viu as sombras do passado que escondia ali.

O casarão destruído, corroído sob cinzas,

vários anos que abrigaram sobre minha cabeça

o vulto dos tempos.

Rommyr Fonttoura
Enviado por Rommyr Fonttoura em 15/01/2009
Reeditado em 15/01/2009
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