Sexta-feira (santa?)

Um dia triste, frio e molhadiço

e a Sexta-feira nem parece santa;

poucos se sentem com o compromisso

de ver no Cristo a dor que se levanta

e nem se importam se for necessário

negá-lo agora por alguns trocados;

sua ambição transforma num calvário

a vida amarga dos necessitados.

Há tanta fome, dor e desalento

nos corações dos homens infelizes;

há tanta falta de discernimento

e o mal se alastra com tantas raízes

que a Sexta-feira Santa nem parece

lembrar a dor daquele numa cruz

cuja razão de vida era uma prece

resplandecendo paz, amor e luz.

Infelizmente para a maioria

a Sexta-feira Santa representa

que a carne é proibida neste dia

e nem percebe o mal que o alimenta

ao ter no coração a falsidade,

a inveja, o orgulho, o ódio e a opressão

que torna tão pior a humanidade

e a vida um poço de decepção.

A Sexta-feira não será santa enquanto

o homem não parar com a mania

de se fingir de bom, fingir-se santo,

crucificando o Cristo a cada dia!

Poeteiro
Enviado por Poeteiro em 14/04/2006
Código do texto: T138867