Além das Horas

Por ora deixemos o passado

Guarde estas almofadas velhas

De vermelho desbotado

Deixe as velhas canções de lado

Os talheres de prata desgastados.

Salto por cima do colchão

Entreolhos olho o espelho

Que tanto nessa vida procurei

Que por ti lágrimas derramei

Jaz aqui diante de mim mesma

O reflexo da minha fronte

Na córnea límpida celeste.

E onde eu me encontro em seus olhos

É onde comprazida estarei.

Veja embaixo da minha cama

Quantas poças ali acumulei

Presas em velhas garrafas alcóolicas

Cujas nunca mais eu beberei.

Mudaram as estações e as cores

Mas permaneceram as mesmas dores.

Nasceram as costumeiras flores

Que se destinavams aos mesmos amores.

Saltei por cima do minuto

E andei um passo adiante.

Larguei as taças embriagadas

Larguei a solidão das escadas.

Larguei um pouco a minha testa

E deixei a luz entrar pelos olhos.

A mesma estação que permanece

Não é a mesma, é apenas ilusão

Ora vento esfria e ora aquece

E uma hora ela certamente padece.

Mas aqui não mais fenecerei

Aqui não mais torturarei

A minha eterna expectativa.

Aqui em brando silêncio

O roxo dos meus braços curarei.

Isabelle La Fleur
Enviado por Isabelle La Fleur em 20/01/2009
Reeditado em 20/01/2009
Código do texto: T1395402
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