Carmim
Hoje eu me dissipo
Como quem sai d’água correndo
Ser matéria bruta
Pra mim é cobra e veneno.
Hoje eu me acalmo
Deixo meus íons irem com o vento
Deixo só o ar ser acalento
Até meu pó voar um palmo
Hoje eu me acanho
Caio ares abaixo de mim
E mais e mais abaixo ainda
Até minha cútis corar de carmim.
Mas amanhã volto sem pudores
Desgarrada da calma e cetim
Junta, sólida e mais desalmada
O fogo, o meu corpo é carmim.