OPRESSÃO.......PERDÃO (AUTOBIOGRAFIA)

OPRESSÃO

Com as mãos trêmulas

Mãos da criança oprimida em meu peito.

Arranco num golpe de dentro de mim

Meu pai: raiva e medo... Mente, decepada.

Apoiada em meu ventre, dando risada!

—Agoniza a razão!

Últimos espasmos do ódio ancestral...

Grito em silêncio: — Nunca mais abusada!

Nunca, nunca mais!

Afago minha cabeça que chora aliviada.

Noites sem fim até dormir.

Um dia vou me refazer.

Chavantes 11/4/78

PERDÃO

Foi meu um coração machucado

Um corpo abandonado.

Sou eu a criança que desaprendeu

as cores do arco-íris enxergar.

Pela violência que sofreu?

Fui gente grande que mergulhou no trabalho,

e se sentiu maior do que era.

Sou eu a mulher que sonhou

Mãe e família ser, já no quase não poder.

E no imponderável sonho, gestei e pari

o melhor de mim nasceu!

Na mãe e dona de casa me perdi e adoeci.

Sou a guerreira, como tantas, que luta pela vida,

Sobreviver ao câncer, encontrar dentro de mim a cura.

Sou eu que humilde abri o peito para Deus

Arrancando de lá todo rancor, aquilo que nem sei.

Sou eu, cara de anjo, moleque traquina.

Que perdeu o medo do castigo porque aprendeu o perdão!

Vila Velha 02/09/2008

Zeni Bannitz
Enviado por Zeni Bannitz em 27/01/2009
Reeditado em 21/04/2010
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