Choque póstumo
É preciso estar-se,sempre, bêbado. Tudo está lá,eis a única questão. Para não sentir o fardo do tempo que parte vossos ombros e verga-vos para a terra, é preciso embebedar-vos sem tréguas.
Mas de quê? De vinho, de poesia ou de virtude, a escolha é vossa. Mas embebedai-vos.
Charles Baudelaire
LINHA do tempo incolor
indiferente e insossa
Cronos devorador
da módica vivência
móbile ocioso de dândis
desintegrando consciência
alienante cronologia
NO tiquetaque do Kairos
passagens nostálgicas
do tempo em ruínas
no choque sem voltagem
diluindo experiências
em sucessões póstumas
de obsessivos devaneios
TENAZ cadafalso da memória
instantânea volúpia dinâmica
estimulando reminiscências
em experiências profanas
da barbárie empobrecida
em futilidades loquazes da vida
nessa bonança póstera esquecida
NO êxtase da existência fustigada
pelo tempo pitoresco do conflito
da carne suculenta da concubina
que faz de seu amor uma quimera
no sonho mais decrépito do poeta
uma passagem com archotes de melancolia
no labirinto onírico,encontrar, sua morada de orgia
E chafurdar no vinho suave de seus lábios vadios
de cadela vira-lata que faz seu ponto na esquina da avenida Central
urinando suas mazelas vivenciais em fétidas obras de arte
caindo em cima do crânio de um lacaio sem virilidade e bonifrate das ruas
que implora o sexo fácil que encontra todas às tardes em agruras
do choque póstumo de satã com seu cachimbo em silêncio na bonomia
contemplando,desvanecido, esse viés surreal da poesia