Choque póstumo

É preciso estar-se,sempre, bêbado. Tudo está lá,eis a única questão. Para não sentir o fardo do tempo que parte vossos ombros e verga-vos para a terra, é preciso embebedar-vos sem tréguas.

Mas de quê? De vinho, de poesia ou de virtude, a escolha é vossa. Mas embebedai-vos.

Charles Baudelaire

LINHA do tempo incolor

indiferente e insossa

Cronos devorador

da módica vivência

móbile ocioso de dândis

desintegrando consciência

alienante cronologia

NO tiquetaque do Kairos

passagens nostálgicas

do tempo em ruínas

no choque sem voltagem

diluindo experiências

em sucessões póstumas

de obsessivos devaneios

TENAZ cadafalso da memória

instantânea volúpia dinâmica

estimulando reminiscências

em experiências profanas

da barbárie empobrecida

em futilidades loquazes da vida

nessa bonança póstera esquecida

NO êxtase da existência fustigada

pelo tempo pitoresco do conflito

da carne suculenta da concubina

que faz de seu amor uma quimera

no sonho mais decrépito do poeta

uma passagem com archotes de melancolia

no labirinto onírico,encontrar, sua morada de orgia

E chafurdar no vinho suave de seus lábios vadios

de cadela vira-lata que faz seu ponto na esquina da avenida Central

urinando suas mazelas vivenciais em fétidas obras de arte

caindo em cima do crânio de um lacaio sem virilidade e bonifrate das ruas

que implora o sexo fácil que encontra todas às tardes em agruras

do choque póstumo de satã com seu cachimbo em silêncio na bonomia

contemplando,desvanecido, esse viés surreal da poesia

Ton Machado Guimarães
Enviado por Ton Machado Guimarães em 28/01/2009
Reeditado em 20/06/2016
Código do texto: T1408734
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