Semeadura

Quase nunca fiz algo de físico, somente.

Não por ter preguiça,mas por não saber,

o que realmente fazer.

Tenho predileção por perceber

um bater de asas de abelha,

ou de ouvir um canto,

ao longe de um pássaro que passa.

Encantá-me ficar por horas

a observar o vôo tranqüilo das gaivotas,

que planam por minha janela,

porque ainda posso agradecer a Deus,

ter uma janela,

onde gaivotas passam.

Quase nunca plantei na terra,

uma semente qualquer,

mas consigo ver a beleza do nascer,

da alegria que a planta sente

com os raios do sol,

com os raios da chuva,

com o orvalho.

Faço sempre carinho em seus troncos e folhas,

e até converso com elas.

Sei que me entendem.

E me amam.

Tanto o sol,como o luar e as estrelas,

têm um encanto especial para mim.

Não procuro entender,

porque estão onde estão.

Entendo que fazem seu papel,

dentro do que lhes foi destinado,

e não sofrem nem refletem sobre isto.

Difícil mesmo, é perceber o que

se passa no coração dos homens.

Eles não se mostram,

escondem-se num pedestal de arrogância,

e vivem sem notar

quase nada ao seu redor.

Na verdade,

o que eu queria mesmo,

era semear flores

nos corações humanos.

Marcia Barroca
Enviado por Marcia Barroca em 18/04/2006
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