Semeadura
Quase nunca fiz algo de físico, somente.
Não por ter preguiça,mas por não saber,
o que realmente fazer.
Tenho predileção por perceber
um bater de asas de abelha,
ou de ouvir um canto,
ao longe de um pássaro que passa.
Encantá-me ficar por horas
a observar o vôo tranqüilo das gaivotas,
que planam por minha janela,
porque ainda posso agradecer a Deus,
ter uma janela,
onde gaivotas passam.
Quase nunca plantei na terra,
uma semente qualquer,
mas consigo ver a beleza do nascer,
da alegria que a planta sente
com os raios do sol,
com os raios da chuva,
com o orvalho.
Faço sempre carinho em seus troncos e folhas,
e até converso com elas.
Sei que me entendem.
E me amam.
Tanto o sol,como o luar e as estrelas,
têm um encanto especial para mim.
Não procuro entender,
porque estão onde estão.
Entendo que fazem seu papel,
dentro do que lhes foi destinado,
e não sofrem nem refletem sobre isto.
Difícil mesmo, é perceber o que
se passa no coração dos homens.
Eles não se mostram,
escondem-se num pedestal de arrogância,
e vivem sem notar
quase nada ao seu redor.
Na verdade,
o que eu queria mesmo,
era semear flores
nos corações humanos.