Um gosto conhecido.

Ela acordou com um gosto meio amargo na boca. Sem saber muito bem, quando tinha ido dormir no dia anterior.

Pensou que talvez tivesse se cansado de esperar naquele sofá, amarelo desbotado com um rasgo no canto esquerdo, e ido buscar alguma coisa que ele não sabia que era, mas sabia que precisava encontrar.

Talvez tivesse saído para comprar cigarro e quando voltou trouxe consigo um garota qualquer para uma transa alucinante. Mas o mais provável é que tenha tomado muita vodka e cerveja, enquanto aguardava a vida na varanda.

Talvez ele tenha pensado em sair, ou em encontrar uma garota para passar a noite, ou talvez só tenha pensado no último documentário sobre baleias brancas que viu.

Talvez não tenha se dado conta de nada, e , só quis aliviar o calor na brisa da noite.

Ele lavou o rosto, escovou bem os dentes para se livrar daquele maldito gosto, de vida não vivida, mas não conseguiu.

Pegou outra cerveja na geladeira e um pacote de amendoim, sentou-se à frente da televisão. e desistiu de tirar aquele gosto da boca, que já o acompanha há alguns anos.