ÁGUIA

Já derramaste teu enfado.

Agora já não é o que eras.

És a argila num formato

silencioso – uma capela

sobre um cimento humilhado.

Teu caminhar penoso trouxe

a tua essência mais sublime,

Revelando o que estava sobre

a casca formada em regime

aberto, onde o puro odre

resguardava este vinho firme,

o qual agora em ti transborda,

como nas pedras de um riacho

as águas recobrindo as bordas

de teus olhares, e os estilhaços

de dores flutuassem e as cordas

puxassem todo o bagaço.

Agora és um novo ser.

Qual águia que renasce e vai

para além de um lugar qualquer,

e risca as sombras dos murais

celestes, risca as sombras que

se estendem nos teus ricos ais.

09. 10. 08. Feira de Santana, Ba.

Júlio Miguel
Enviado por Júlio Miguel em 30/01/2009
Código do texto: T1412984
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