Um poema qualquer...

Um poema qualquer

que me revele

aos olhos daquele

que me desconhece.

Um poema qualquer

que me interprete

em gestos,

línguas rebeldes,

manifestos.

Um poema para quem

não sabe de mim,

das cismas

ensimesmadas,

das vozes desarticuladas

de enredos,

e credos caóticos.

Um poema gótico,

que me insira

no que antes

era verbo,

que reverbere

em berros destemidos

a ausência de sentido

à existência.

Um poema que perdure

no compasso desse outro

que me espia.

Um poema qualquer

que me conclua.

Rocio Novaes
Enviado por Rocio Novaes em 18/04/2006
Código do texto: T141398