separação

Ela escolheu o futuro, ele o passadp. Um não é mais ou menos doloroso que o outro.

Toda aquela movimentação pedia uma atitude. Já não havia tempo pra brigas, nem reconciliações, nem nada que se pudesse sugerir.

Dizem que o fim é sempre assim: determinante. Quando ele começa a emergir, das profundezas de algo desconhecido que o gera, nada mais pode existir. A não ser ele. Neste caso não foi diferente.

Ela tentou... Ele jurou, mas no fundo ele sabiam que nada era verdadeiro o suficiente para se tornar real. Já não havia tempo, nem forças disponíveis.

- Então é isso? - perguntou ele com um tom intolerável de Senhôzinho.

Ela olhou-o por alguns instantes, baixou a cabeça e deu aquela conhecida risada de incredulidade e desespero.

- Eu nunca menti pra você, nem te trai. Sempre trabalhei, sou um "bom pai". Eu não entendo!

- Você está exatamente igual. Desde que eu te conheci. Igual. - as lágrimas lhe vieram aos olhos - eu tinha esperanças que depois de casar, algo mudaria em você. Mas você... você não evoluiu.

- Será que não foi você que "evoluiu" demais? - pigarreou - Você nunca quis que eu crescesse, você queria ter o controle. Sempre quis. Depois que fez faculdade então, hum, pensa que pode abraçar o mundo todo.

- E eu posso. Mas não por causa da faculdade. Por mim mesma. Por eu ser capaz.

Ele não disse nada, nem ela. Não sabiam o que fazer. Já haviam começado a gritar, de novo, como sempre.

Já não havia mais tempo. As crianças já estavam grandes, já podiam escolher.

Uma escolheu o futuro, o outro escolheu o passado. Um não era mais ou menos doloroso que o outro.

- Acho que já é a hora - disse ela.

- É a sua hora - disse ele.