Você e a Vida

Se a vida lhe parecer

pequena, inútil,

difícil e sem sabor,

relaxe, concentre-se

e preste bem atenção.

Saia da cidade,

vá para o campo.

Sinta o frescor da manhã

no início de um novo dia,

repleto de energia.

Olhe o céu infinito,

sem começo e sem fim,

a nos indicar

os eternos caminhos do existir.

Lá estarão os pássaros,

que não ceifam e nem colhem

e são livres para voar,

convidando a nossa mente

a bater asas sem limites.

O Sol, ah ... o Sol, nosso Rei.

Com a sua luz divina,

misteriosa, tão forte e pura

que não conseguimos sequer

mirar a sua face sagrada.

O seu calor envolvente,

maior que o calor

de todas as mães reunidas ...

Sinta o cheiro da terra

úmida do orvalho,

as lágrimas da madrugada.

A chuva que alimenta o chão

e dá vida às plantas,

deixe-a crepitar

em seu corpo nu.

O vento que acaricia os campos,

tocando a sua pele,

como se você também fosse

a relva rasteira das planícies.

Aproxime-se da mata,

aprecie a sua tranqüilidade

e acalme-se também.

Entregue-se a ela,

por que não ?

Abrace uma árvore,

sinta a sua energia,

a seiva a lhe penetrar,

abrindo os seus poros

e a sua consciência.

Vá ao encontro do regato,

bem na sua nascente

e veja a vida brotando,

sem cessar.

A água cristalina,

sacie a sua sede

e procure ser como ela,

tão humilde e tão útil,

correndo pelos vales

até diluir-se

no oceano de todas as águas.

Os mares imensos

com as suas ondas incessantes,

é a vida em movimento

embalando os seus sonhos.

Mire-se nas montanhas,

sólidas e poderosas

e indague a si mesmo:

as minhas convicções

serão tão firmes como elas ?

Quando o Astro-Rei se esconder,

a noite cálida virá,

trazendo miríades de estrelas,

cintilantes, a lhe convidar

a visitar as galáxias.

Depois de vivido isso tudo,

o dia, a noite, os mares,

o céu, a água, a terra, a relva,

os pássaros, as árvores,

o sol, o vento, a chuva,

as montanhas

e até mesmo as galáxias;

tendo se despido

dos traumas do passado,

diga-me amigo

se ainda sente

pequena e penosa

a sua existência.

Para se ter o saber

é preciso primeiro

experimentar o sabor

de todas essas alegrias.

Então saberemos

que de tudo temos um pouco

e do pouco que temos,

tudo podemos ser.

Aí, já não teremos mais nada,

pois quem tudo é,

nada precisa mais ter.

5 de junho de 1996

Dia Mundial do Meio Ambiente.

Humberto DF
Enviado por Humberto DF em 01/05/2005
Código do texto: T14148