VOAR

Vivia a cortejá-la como um mago plácido;
Em todo passo um tombo nas calçadas lúdicas;
Seu corpo me abrigava numa guerra púnica:
As mãos entrelaçavam meus cabelos módicos.

No louco descompasso me iludia a tântrica;
Seu cheiro entorpecia nos velórios sôfregos;
Se em cada refazer, não fenecia a música:
Dançava sem cansaço num processo lírico.

Sempre aquecia a cama sem riscar um fósforo;
Comia minha língua em suores sátiros;
Abria sua alma e enrijecia o másculo:
Fugiu da nossa vida como bruxa lépida.


E via em cada rosto um sorriso bêbado;
Já não mais escrevia minhas prosas tétricas;
Lutei contra os demônios dessa treva sânscrita:
Ousei nascer de novo, mergulhei no útero.