A JANELA VIVENCIADA.

Ontem a janela emoldurava uma profunda visão
Aos enamorados. Dela poderia ver as amadas.
E eram disputadas, donzelas assistiam à confusão
Causadas; tinham-se como sedutoras badaladas.

Hoje deixara de ser tão olhada, visada e admirada.
Por que as beldades se exibem nas praias e ruas,
Trajando vaporosa roupa, pleiteada e ousada.
Concorre assim com as recatadas, não afeiçoadas.

Não havia simulação, apenas o pó,“batôn e rouge”,
Sem plástica, nem “botox”, natureza aperfeiçoava.
A mulher encantava, linda, disputada, se sobrepuje.
Olhar sobranceiro, permitia apreciação que ocultava.

E daquela janela poderia se ver o mais reluzente olhar,
Tentadores, negros, misteriosos, nem por isso triste,
Os audaciosos diziam ser de origem cigana, guardava
Segredo, sobressaia com sua pele acetinada, subsiste.

Seus longos cabelos brilhantes, acentuavam as belezas.
Os lábios sensuais, deixavam pensar nos beijos ávidos.
Enganadores, conquistadores, afirmavam as proezas,
Lera suas mãos e o rubi trazido ao peito, tinha unidos.

Aos poucos a janela foi se fechando, ninguém mais a via.
Cessara o deslumbre, a magia luminosa da fascinante
Mulher, deixara de ser olhada, seu coração ganhara alforria,
Um príncipe cigano a levara, reunia anseio e amor galante.

Os simples admiradores perderam para sempre os espectros
Que fascinavam seus olhos, alegrias das almas murcharam,
A janela vivenciada, deixara de ter significado, sem cetros.
Poderia até ser demolida,caindo,os jovens a desmascaram!





Brasília, 2/2/9