Pobre Ogro Apaixonado

Não se achava belo... mas feiúra também não via.

Era o que ele pensava.

Era o que ela dizia.

Ela o amava

e ele, apenas refletia.

Mero espelho de tanta beleza...

Por que mais se importaria?

Ela...

Bela.

Poesia encarnada em indescritível perfeição!

Cabelos, olhos, boca...

Palavras, gestos pensamentos...

Paisagem completa de uma linda paixão.

O tempo passou e a bela se foi.

Ele ficou em outras idas e vindas.

A procurou, não a encontrou...

E o tempo passou...

Ela voltou.

O amor aconteceu entre os dois.

Ela o amava.

Ele a refletia.

Por que mais se importaria?

Mas... ela não ficou.

Ela se foi,

ele chorou.

Outro tempo passou.

Então, nem era belo assim o dia,

ela voltou, ele sorria.

E tantos foram os contratempos,

outros tantos desentendimentos,

que ela, no topo de sua beleza,

depois de tanto tempo passado,

como se nunca tivesse se importado,

olhou para ele e falou:

-Não sei porque amo-te tanto,

quando o que vejo parece-me tão feio...

O tempo parou... congelou.

Ele ficou quieto e olhou-se em outros espelhos.

Refletidas estavam outras cores,

seus olhos estavam injetados, vermelhos...

Ela acordara de um sonho que parecia infinito.

Ele desabava por aqueles olhos, que detinham nas retinas

o tamanho de sua pureza.

Ela adormeceu sua própria alma e viu que ele nunca fora bonito.

Ele morreu de amor, refletindo os olhos dela

e a luz de sua beleza...

September 9, 2006.

ENIGMA
Enviado por ENIGMA em 09/02/2009
Reeditado em 24/03/2019
Código do texto: T1429131
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