Amor em tempo de guerrilha

Amor em tempo de guerrilha

Se te toco a pele

te sinto frágil,

se te miro os olhos

te vejo forte.

Se te bebo as palavras

te vejo guerreira

e se te beijo a boca

te entendo mulher.

Sei do teu sangue latino

de tuas guerrilhas com a vida

sei do meu jeito ladino

das minhas andanças contidas.

Sei que tuas estrelas

brilham em outros céus

sei que minhas estrelas

brilham em outros olhos

sei que meus olhos

buscam as estrelas do teu céu.

O gosto de um pêssego maduro

lembra-me o teu gosto noturno

o gosto de sangue na boca

lembra-me as guerrilhas do Chile.

Mas, se te falo em prazeres

lembra-me dos teus deveres,

e a noite é de batalhas

em trincheiras sangrentas.

Te quero mesmo assim,

eu vadio, rebelde sem causas justas

e você lutadora de causas universais.

Um dia nos encontraremos

embarcando no mesmo cais.

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O tempo passou, veio a democracia, hoje uma mulher, socialista é presidente do Chile. Penso num amor adolescente e idealista que tive há muitos anos atrás e, de uma forma ou de outra sinto-me parte desta conquista.