Um conto de Bond
Marilda Mendes
Da enseada, Bond vê o navio
Dizem ser linda a mulher do Comandante
Dali, já imagina o que o espera:
Um homem sórdido, estúpido e arrogante.
A bordo, confirma a informação
O tal é homenzinho não é dos melhores
Se dessem cabo dele, não seria lastimável
E Bond se admira: a mulher é, de fato, adorável.
Excelente mergulhador, Bond se pergunta
Por que se deixa ser maltratada a tal mulher tão graciosa
Por um marido tão vil, detestável, insuportável?
Ser tomada por fútil e idiota, apenas pela vida luxuosa!
Um raro peixe venenoso trazido a bordo
É letal contra a vida do asqueroso homem
Bond encontra-o sem vida, caído na escadaria
O peixe enfiado à boca, a pele roxa e fria
Assustado, não quer ser incriminado
E se questiona quem o teria envenenado
O amigo que fora insultado, a mulher, cansada de apanhar
Age rápido: arrasta o corpo à murada e lança-o ao mar
Lê nos olhos da mulher o crime
Já não suportava as surras, a coitada
Contrato mudo, entendem-se e pensam
Qual será a desculpa esfarrapada
De manhã, os remadores estranham
Por que ainda dorme o Comandante
Bêbado, caiu da murada – acidente lamentável!
Alto mar, segue a viagem, agora mais agradável.