PONTA-CABEÇA

Nos pés rachados,

umas correias presas com arame

às solas que não privilegiavam os calcanhares.

No entrepernas,

um falo encolhido, ainda doído

do fogo da sovela brutal na recém-cavada via urinária.

No bucho,

um punhado de farinha

encharcado no caldo de feijão ralo.

Na cabeça,

merda... e uns olhos crédulos, alheios

a quanta maldade o mundo os faria...

Antonio Leal
Enviado por Antonio Leal em 17/02/2009
Reeditado em 28/04/2009
Código do texto: T1443150
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