O Amor da Minha Vida
O amor da minha vida
não é uma velhinha
segurando maçãs
numa cesta de colher verão,
nem um beijo de menina
acrescido de alegria madura,
nem a tarde alimentando
a dor da flor de cor escura.
O amor da minha vida
não é uma hóstia erguida
para o sabor do engano,
nem o engano deitado
no tapete de minha casa
acasalada lado a lado com o pecado.
O amor da minha vida
traz o imenso gesto de viver
sem gestos pré-moldados,
o retrato de um tato – o ato
inato de ser nada ao tudo,
e o belo elo desligado,
o amor da minha vida.
Ah! O amor da minha vida
não caminha entre os gnomos
das colinas esverdeadas,
não se prostra diante da imagem
estática de um ser mistificado,
nem mergulha no mar vermelho
da ilusão moral no amor na gaiola.