O Amor da Minha Vida

O amor da minha vida

não é uma velhinha

segurando maçãs

numa cesta de colher verão,

nem um beijo de menina

acrescido de alegria madura,

nem a tarde alimentando

a dor da flor de cor escura.

O amor da minha vida

não é uma hóstia erguida

para o sabor do engano,

nem o engano deitado

no tapete de minha casa

acasalada lado a lado com o pecado.

O amor da minha vida

traz o imenso gesto de viver

sem gestos pré-moldados,

o retrato de um tato – o ato

inato de ser nada ao tudo,

e o belo elo desligado,

o amor da minha vida.

Ah! O amor da minha vida

não caminha entre os gnomos

das colinas esverdeadas,

não se prostra diante da imagem

estática de um ser mistificado,

nem mergulha no mar vermelho

da ilusão moral no amor na gaiola.

Júlio Miguel
Enviado por Júlio Miguel em 17/02/2009
Código do texto: T1443310
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