RETALHOS - reeditada

Já falei das flores, do perfume que não consigo distinguir.

Já me dei conta das cores que se misturam aos amores que se contam.

Já li no mar toda a angustia, nas ondas uma revolta.

Já fiz de conta ser sonho, ser poeta, ser algo que não quis

Já esbarrei nas letras, nos erros de ortografia.

Já refiz as pontas, as rimas, enfim, destruí o que escrevi.

Mas já não busco a perfeição nos versos, porque, inexistente.

Não verso rimas de repente, porque não há graça nenhuma.

Não descuido do erro, tendo errado mais que a vontade.

Porém confesso a loucura de escrever, mesmo com tudo por fazer.

Menos paixão, mais ternura, com a mesma sensação.

Mais contemplação sem censura, com olhos no passado.

Menos passado sem remorso, com olhos no amanhã.

Mais versos ao encontro, quando encontro um clamor.

Mais amor por qualquer que seja, seja por conta da dor.

Dei de mim o melhor que posso, talvez menos ainda.

Posso querer sem saber, sem querer faço o que posso.

Caminho ao lado do inconsciente, consciente do mal.

Mal posso dizer do perigo de não poder, o mal esquecer.

Falo e refaço a memória, encurto o princípio da história.

Lembro que não posso lembrar, o final que a história me der.

Porque seja como for, seja como quiser,

Continuarei a escrever, pela manhã, a noite...

Enfim, continuarei dizendo nas letras, tudo que me vier.

Por ultimo... Por derradeiro, mais uma vez essa vontade.

Que seja a vontade de todos

Durante uma vida inteira, entre a razão e a alma

Um pouco de alegria, lendo um poema que seja.

Com carinho para a poetinha CIDA PERES, amiga de velhos tempos no recanto.