CINZAS DE CARNAVAL, reeditada

Deixo aqui guardada minha herança, meus dotes e meus sonhos. Deixo aqui minha lembrança de um desfile que perdi, deixo-me ver criança em sons de tamborins. Deixo aqui minha saudade, meu amor, minha alegria. Deixo minha vida, uma história cantada em samba, deixo aqui a solidão de quatro noites, em meio a multidão de foliões. Deixo a fantasia intacta, a mascara e o sorriso, meu aviso de procura. Deixo escrito em mármore branco, meu passado e os meus mistérios, uma lápide mal escrita . Deixo essa festa terminada, acabada em cinzas de carnaval, esse poema por mim escrito. Deixo por mais um ano na memória, as noites do meu silêncio, em que sonhei ser a multidão, essas vozes dos meus desejos, nos pés de quem sabe dançar a música do momento.